Como Tomar Conta de Crianças Travessas: 26 Passos

Como Tomar Conta de Crianças Travessas

5 Partes:Criando a estruturaLidando com as birrasLidando com o mau comportamentoReforçando o bom comportamentoCuidando de outra criança

Criar os filhos não é fácil. Enquanto algumas crianças são muito levadas e desobedientes somente em algumas ocasiões, outras são o tempo todo. O importante é sempre se lembrar de que o que incomoda é o mau comportamento da criança, não ela em si. Comece a criar limites, lidar com as birras e com o mau humor, e reforçar o bom comportamento. Os resultados serão quase imediatos. Caso esteja cuidando de uma criança que não seja a sua, também é possível ensiná-la a se comportar sem tirar a autoridade dos pais.

Parte 1
Criando a estrutura

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    Faça uma lista de regras. Não se esqueça de levar em conta a idade da criança. As mais novas precisam de regras simples e diretas. Conforme crescem, conseguem entender regras mais complexas, que podem se adaptar de acordo com a situação. Ao fazer a lista, dê prioridade às regras relacionadas aos maus comportamentos da criança.[1]
    • Por exemplo, se o problema for controlar o comportamento agressivo exibido pela criança quando contrariada, faça uma regra que torne chutes e socos em pessoas estritamente proibidos.
    • Inclua na lista o que a criança deve fazer todos os dias, como escovar os dentes, lavar o rosto, pentear o cabelo, arrumar o cabelo, guardar os brinquedos, etc.
    • Ao concluir, sente-se e explique as regras a ela.
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    Crie consequências imediatas. Não basta apenas ter regras de fácil entendimento, é preciso criar as consequências pela transgressão de cada uma delas. Quando uma regra de alta prioridade – como bater nos pais – for quebrada, a consequência deve ser muito mais severa do que quando a criança deixa de arrumar a cama, por exemplo.
    • Nunca utilize violência física como forma de punição. Bater no filho o ensina que ele pode conseguir o que quiser de pessoas mais fracas fazendo o mesmo. Além disso, prejudica o relacionamento com o pai.[2]
    • Ao se sentar para explicar as regras, lembre-se de falar sobre as consequências de cada uma. Discutam-nas até que elas fiquem totalmente claras para a criança.
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    Dê atividades. Uma criança entediada faz qualquer coisa para se divertir. Por um lado, é bom que ela use a imaginação para passar o tempo; no entanto, é ruim quando ela passa a se comportar de maneiras que sabe que são erradas.[3]
    • Por exemplo, se a criança for passar o dia em casa, planeje atividades para o dia inteiro. Deixe-a colorir um livro com lápis e giz de cera enquanto você faz o almoço, brinquem juntos, peça ajuda a ela em uma tarefa doméstica e façam algum artesanato no quintal. É bom deixá-la brincando um tempo sozinha, mas é bom ficarem juntos também, cultivando o bom relacionamento.
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    Tenha uma rotina. Além de designar várias tarefas para a criança, é necessário que você também tenha uma rotina fixa, principalmente se o seu filho ainda não estiver na escola. Com isso, ele saberá exatamente o que esperar do dia a dia, diminuindo a probabilidade de ficar entediado ou frustrado.
    • Por exemplo, faça-o tirar a soneca no mesmo horário todos os dias – seja consistente. O banho pode ser dado pouco antes da hora de dormir, para sinalizar a ele que está na hora de sossegar.
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    Leve em consideração a idade da criança. Vá revisando e adaptando as regras com o tempo. Embora as crianças mais novas não consigam entender regras que contenham exceções, as mais velhas podem receber um pouco mais de independência e controle com relação a isso.[4]
    • Uma criança de até dois anos de idade não é capaz de entender uma lista de regras. Portanto, é melhor mantê-la longe de objetos e situações que ela deva evitar. Ainda assim, caso ela acabe se metendo onde não deveria, diga firmemente “não” e a distraia com outra atividade. Coloque-a para refletir (de castigo) por alguns minutos, para que ela comece a associar certas atitudes, como morder e bater, com consequências negativas. Não prolongue os momentos de reflexão por mais do que alguns minutos.
    • Entre três e cinco anos de idade, a criança já é capaz de entender a conexão entre o que faz e as respectivas consequências. Quando ela se comportar mal, explique claramente por que ela não deveria ter feito aquilo e depois aplique a consequência. Deixe claro o que ela fez de errado e diga o que acontecerá se o fizer de novo. Da próxima vez, relembre-a da conversa que tiveram e, depois, aplique a consequência.
    • Momentos de reflexão são a melhor escolha para disciplinar uma criança que tem entre seis e oito anos de idade. Faça um cantinho da disciplina para a reflexão, longe de qualquer tipo de distração (TV, computador, etc.). No entanto, cuidado para não extrapolar: o período suficiente é de seis a oito minutos (um minuto para cada ano de vida). Quando a criança estiver tendo um ataque de raiva, mande-a para o cantinho da disciplina e diga que ela ficará lá até se acalmar.
    • As punições naturais podem começar a ser adicionadas a partir dos nove anos de idade e seguirem até os doze. Outros tipos de punição, como não passear por uma semana por não fazer a tarefa de casa, devem continuar. Um exemplo de punição natural seria deixar a criança ir para a escola sem fazer a lição de casa, antes de intervir na situação. Essa é a idade ideal para começar a aprender o que acontece quando não se cumpre as obrigações.
    • Ao adolescente deve ser concedido o direito de exercitar a própria independência e o controle dentro dos limites da razão. Portanto, as regras precisam ser revistas e adaptadas. Contudo, as consequências têm que ser mantidas, bem como as explicações de por que as regras não devem ser quebradas. Por exemplo, se ele chegar em casa depois da hora combinada sem ligar avisando, deixe claro por que essa situação é tão preocupante para você.

Parte 2
Lidando com as birras

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    Afaste-se da cena. Quando a criança estiver fazendo uma grande birra (gritando, chorando, batendo com os punhos no ar, etc.), o melhor a se fazer é retirar o público do espetáculo – mesmo que seja apenas um dos pais, amigos da criança, avós, etc. Estando em casa, longe de qualquer perigo, peça para que todos saiam e se distraiam com outras atividades enquanto a criança fica sozinha.[5]
    • Caso ocorra fora de casa, remova a criança da frente do público imediatamente. Por exemplo, se estiver no supermercado, leve-a para o carro.
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    Explique que sabe que ela está chateada. A criança com menos de quatro anos de idade pode ser deixada fazendo birra sozinha em um lugar seguro. Confira como ela está de tempos em tempos e diga que sabe como ela se sente e que vocês conversarão sobre isso assim que ela terminar de fazer a birra.[6]
    • Se ela reagir violentamente, batendo, arranhando, chutando ou mordendo, coloque-a imediatamente para refletir. Diga que aquele tipo de comportamento não será permitido em nenhuma circunstância.
    • Assim que ela se acalmar, escute o que ela tem a dizer e explique que ter um ataque de raiva não é a melhor maneira de resolver os problemas. Entretanto, não se detenha nesse ponto. Proponha uma maneira melhor e siga em frente.
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    Relembre as regras. Isso vale para a criança com mais de quatro anos de idade que estiver fazendo uma birra. Explique que ela tem duas opções: parar o comportamento, fazendo o que a regra diz, ou continuar a birra. A segunda opção implicará em ela ter tempo para fazer algo que gosta após se acalmar.[7]
    • Depois da birra, discuta com ela melhores maneiras de expressar os sentimentos no futuro. Peça sugestões a ela.
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    Distraia a criança. Existem ocasiões em que a birra é tão grave que não cabe nenhuma racionalização da situação. Nesses casos, use um livro ou uma chupeta para distrair a criança.[8]
    • Contudo, quando a birra terminar, ainda é importante pararem para discutir sobre melhores soluções para o problema no futuro.
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    Não ceda. O caminho mais fácil parece ser dar o que a criança está pedindo, principalmente quando em público, para que ela pare de envergonhá-lo. Contudo, ceder reforçará o entendimento dela de que fazer birra é a melhor maneira de se conseguir o que quer. Além do mais, você se arrependerá da próxima vez que vir o mesmo comportamento ocorrendo exatamente pelo mesmo motivo de antes.[9]
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    Não grite. É fácil querer gritar com a criança com a finalidade de acabar logo com a birra. No entanto, gritar só tenderá a piorar a situação, aumentando o estresse da criança e o seu.[10]
    • Procure manter o tom de voz baixo e calmo. Caso suspeite que vá gritar se abrir a boca, não diga nada. Se estiver perdendo a cabeça, afaste-se da situação por um momento, certificando-se de deixar a criança em segurança.
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    Remova a causa da birra. Assim que a criança se acalmar, substitua o objeto que causou o ataque por algo calmo no qual ela possa se concentrar.[11]
    • Por exemplo, se ela ficou chateada por causa de algum doce, tire-a da seção de doces e leve-a para ler uma revista enquanto você termina as compras.
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    Relembre a criança do quanto você a ama. Diga que não gosta do comportamento dela, mas que você a ama. É importante que ela entenda que o seu amor por ela não depende do tipo de comportamento que ela apresenta.[12]
    • Diga algo como: “Eu não gostei nada daquela birra que você fez. Eu não gosto de quando você grita e chora. Mas saiba que amo muito você”. Não diga: “Você foi uma criança muito má fazendo aquela birra. Assim fica difícil amar você”.

Parte 3
Lidando com o mau comportamento

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    Diga à criança o que você quer que ela faça. Quando ela estiver se comportando mal ou tiver feito algo desagradável, não diga apenas: “Pare com isso!”. Diga o que ela deve fazer e qual será a recompensa por fazer o que é correto.[13]
    • Por exemplo, se ela gritar com uma criança mais nova, fale: “Lembre-se da regra. Você deve se afastar da pessoa quando estiver brava com ela. Quando você obedecê-la, nós iremos ao cinema!”.
    • Dê uma chance para a criança expressar o que está se passando com ela. Por exemplo, diga algo como: “O que a outra criança fez para que você sentisse vontade de gritar com ela?”. Assim, ela se sentirá mais compreendida, e não apenas redirecionada para demonstrar outro comportamento sem ter sido ouvida.
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    Relembre-a das regras. Sempre que a criança estiver fazendo algo errado, recite a regra em questão e diga quais são as consequências por transgredi-la. Explique que, se ela insistir no comportamento desobediente, as consequências terão que ser aplicadas.[14]
    • Deixe claro que ela tem duas opções: parar o que está fazendo de errado e não ser penalizada, ou continuar e ter de lidar com a punição cabível.
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    Aplique as consequências. É difícil, mas é necessário para que a criança aprenda que você também segue as regras e que, portanto, ela também deve segui-las.[15]
    • Quando, por alguma razão, não for possível penalizar a criança na hora, deixe claro que isso será feito mais tarde, em um momento apropriado. Diga qual é o motivo do adiamento para que ela não ache que você está sendo conivente.
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    Seja consistente, o que implica em reaplicar determinada punição muitas vezes até que o mau comportamento pare. Embora possa ser frustrante no começo, é importante deixar a criança ciente de que toda vez que ela quebrar uma regra, haverá uma consequência aguardando por ela. Proceda recitando a regra, o modo como ela foi quebrada e que agora a consequência é...
    • Por exemplo, quando a criança bater em outra, deixa-a fora da brincadeira por cinco minutos. Se ela insistir no comportamento, repita a punição quantas vezes for necessário.[16]

Parte 4
Reforçando o bom comportamento

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    Peça para a criança ajudar a criar recompensas por bom comportamento. Sentem-se juntos e escrevam uma lista de tudo o que ela gosta de fazer, das comidas favoritas dela e de lugares aos quais ela gosta de ir. Pergunte de quais itens ela mais gosta e faça uma escala de valor.[17]
    • Quando ela fizer algo realmente bom, recompense-a com o maior prêmio da lista. Por exemplo, se o professor disse que ela se comportou bem durante o mês inteiro, leve-a ao zoológico (caso seja a maior vontade dela). Caso tenha arrumado a cama todos os dias por uma semana, use uma recompensa menor.
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    Faça elogios. Sempre que ela se comportar de modo especialmente bom, elogie-a, agradeça-a pelo bom comportamento e abrace-a. E não se esqueça da recompensa.
    • Se não for reconhecida regularmente com elogios e recompensas, a criança pode chegar à conclusão de que você não está cumprindo o acordo.
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    Passem tempo juntos. A maioria das crianças gosta de fazer atividades com os pais. Como forma de reconhecimento pelo bom comportamento dela, façam alguma atividade juntos e deixe-a a cargo de tarefas que exijam mais responsabilidade.
    • Por exemplo, chame-a para plantarem flores no jardim juntos. Depois de ensiná-la, deixe-a fazer o processo sem ajuda, escolhendo o local de plantio, cavando o buraco, depositando as sementes e cobrindo-as com terra.

Parte 5
Cuidando de outra criança

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    Converse com os pais sobre a disciplina. É importante saber como eles gostariam que o filho fosse tratado ao desacatar uma regra. Pergunte-os como eles o disciplinam e se você deveria agir da mesma forma.[18]
    • Não deixe nenhum detalhe de fora, para evitar desentendimentos no futuro devido à aplicação de técnicas de disciplina diferentes. Isso não causará apenas confusão para a criança, mas será ruim para o seu relacionamento com os pais dela.
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    Imponha regras. É muito provável que os pais peçam para que você adote as mesmas regras que eles usam em casa. No entanto, você pode adicionar até duas novas regras para serem usadas durante o período em que você for o responsável.[19]
    • Por exemplo, inclua uma nova regra para deixar a criança ciente de que ela deve obedecer integralmente a você quando os pais não estiverem presentes.
    • É importante sentar-se com os pais e com a criança (desde que ela tenha entendimento suficiente) e repassar todas as regras. Assim, ela ficará consciente de que o novo responsável tem total conhecimento das regras e de que ele também tem poder para aplicá-las.
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    Seja consistente. Essa é, talvez, a dica mais importante para se lembrar. Às vezes é mais fácil deixar a criança livre para fazer o que quiser. Entretanto, também é importante penalizá-la caso as regras sejam quebradas.[20]
    • Se a criança perceber que o cuidador não é muito rígido com as regras, ela tenderá a não se comportar na presença dele. Além do mais, é provável que ela comece a questionar a autoridade dos pais.
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    Faça sugestões aos pais. Isso é muito válido caso você perceba que alguma regra não funciona muito bem, ou caso possua uma nova regra que possa ajudar a lidar com a criança travessa. Quando for fazer a sugestão, faça-a com respeito. Não fale: “É idiotice fazer desse jeito. Não funciona. Vocês deveriam fazer do meu jeito”. Em vez disso, fale mais ou menos dessa maneira: “O Júnior está com dificuldades para seguir essa regra. O que vocês acham de tentar outra para ver se ele se adapta melhor?”.[21]
    • Não faça os pais se sentirem insultados pelo modo como educam o filho. Mostre-se interessado em ajudá-los, mas sem querer sobrepujar a autoridade deles.
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    Mantenha os pais atualizados. Quando devolver a criança para os pais, faça um resumo sobre como ela se comportou e se foi necessário aplicar algum tipo de correção.
    • Esse tipo de sumário ajudará os pais a entenderem quais regras estão sendo efetivas e quais podem ser substituídas, abrindo caminho para as suas eventuais sugestões.
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    Não faça uso da violência. Nunca discipline seu filho nem qualquer outra criança por meio de força.[22]
    • Se os pais sugerirem a você o uso de violência, explique com educação as consequências negativas desse tipo de disciplina. Sugira uma alternativa. Caso insistam, não aceite tomar conta da criança.
    • Suspeitando de maus-tratos infantis, denuncie ligando para o número 100 (Disque 100), 181 (Disque Denúncia) ou 190 (Polícia Militar).[23] Não é necessário se identificar para fazer uma denúncia, portanto, não fique de braços cruzados.

Dicas

  • Não seja duro demais consigo mesmo. Criar os filhos deve ser a tarefa mais difícil para os seres humanos. Às vezes, você pode achar que falhou como pai por causa do mau comportamento do seu filho, mas lembre-se de que é normal para a criança querer testar os limites para ver quais serão as consequências. Pare de se culpar e reconheça que vocês superarão essa situação juntos.

Avisos

  • Ao perceber que está prestes a perder a cabeça com uma criança, distancie-se e espere os ânimos se acalmarem. Do contrário, você poderá acabar dizendo ou fazendo algo que não queria. Quando estiver preocupado em fazer algo, peça para alguém de confiança tomar conta da criança enquanto você se acalma em outro lugar.

Fontes e Citações

  1. http://www.helpstartshere.org/kids-and-families/healthy-parenting/healthy-parenting-your-options-getting-a-grip-on-out-of-control-behaviors-a-parents-guide-to-maintaining-a-winning-influence-over-children.html#guideline 1
  2. https://www.psychologytoday.com/blog/good-thinking/201409/is-what-happens-when-you-hit-your-kids
  3. https://blog.urbansitter.com/how-to-respond-when-a-child-misbehaves/
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